Rumos Alternativos: Rincão do Inferno

Então, para dar início as postagens decidimos colocar algumas imagens de um dos mais belos lugares que visitamos na região: o Rincão do Inferno!

Mesmo sendo um local não muito distante e de acesso razoavelmente fácil é pouco conhecido e visitado. Quem tiver a oportunidade de conhecer se encantará com as paisagens naturais, em quase nada modificadas pela ação humana.

Localizado na região das Palmas, entre Bagé e Caçapava, o local é geograficamente privilegiado por suas formações. A região abriga ainda poucas famílias da comunidade Quilombola. Desde o início do trajeto, assim que se deixa o asfalto da BR 153 , pode-se observar a natureza em suas diversas formas.

Como chegar: saindo de Bagé, percorre-se em média 60 km até a as Palmas. Assim que passar a placa sinalizando a propriedade dos Collares, haverá um pequeno cemitério à esquerda da pista. Deve-se pegar a entrada ao lado do cemitério e seguir sempre na reta. Não há muita sinalização, mas deve passar em frente a uma escola. Este trajeto leva em média 30 minutos. Quando fomos, a estrada estava em boas condições. Mas dependendo do tempo, chuvas e manutenção é possível pegar alguns trechos mais difíceis. Não há indicação do "Rincão do Inferno", existe uma pequena placa que sinaliza "Rincão dos Franco". Ao chegar nessa placa deve-se abrir uma porteira a esquerda e andar por mais uns 8 km. Existem algumas casas nas proximidades e todos os moradores foram muito atenciosos em nos indicar o caminho na primeira vez. Dentro da propriedade, ao chegar na primeira casa há dois caminhos, um na reta e outro à esquerda, com mais uma porteira. Deve-se ir pelo segundo e sempre seguir os rastros já formados por outros visitantes. Após algumas subidas e descidas em terrenos rochosos, chega um ponto em que é necessário abandonar o carro e seguir a pé. Uma leve "escalada" até chegar à casa dos anfitriões e vislumbrar uma paisagem de tirar o fôlego.

Os moradores mais conhecidos do local - e que recebem muito bem todos os visitantes - são o seu Alcíbio e a dona Onélia. Já na chegada, somos recepcionados por alguns cachorros, que após fazer o reconhecimento se tornam companheiros dos visitantes. Dona Onélia conta que nasceu e cresceu no Rincão com sua família. Dos muitos parentes que foram para a cidade, ela diz que jamais abandonaria seu "pedacinho do paraíso". Com muita simpatia ambos contam a historia do local. Seu Alcíbio costuma levar os visitantes para conhecer as paisagens, por trechos complicados para iniciantes, mas que ele percorre com o pique de um adolescente. Na casa humilde, eles orgulhosamente destacam nas paredes e em porta-retratos, as fotos com os amigos de longe que visitam o Rincão e, sempre retornam.

O local, assim como os moradores estrelaram um filme que retrata a historia dos Quilombolas na região: O Sabiá, do diretor Zeca Brito.

Nós, vistamos o Rincão do Inferno duas vezes até agora. Na primeira, por não conhecer o caminho acabamos gastando muito tempo e chegando ao entardecer, o que nos impediu de ver muita coisa. Como nos encantamos com o lugar, logo planejamos a segunda visita - agora com tempo de sobra - para poder desbravar as paisagens. Fomos para acampar mesmo, com barraca montada na margem do Rio Camaquã. Tivemos sorte (sorte mesmo, pois nem pensamos nisso antes de ir) e pegamos uma noite de lua cheia maravilhosa. O silêncio da noite, o barulho da água, a tranquilidade de um lugar desabitado e um cachorro que não saiu do nosso lado até o amanhecer. De manhã, o som dos pássaros nos acordou cedo. Em seguida, chegou seu Alcíbio, que havia prometido nos levar para conhecer as cavernas e outros lugares lindos. Nessa caminhada, como passaríamos por dentro do rio e subiríamos em árvores, não levamos a câmera e acabamos perdendo imagens incríveis.

Os deixaremos então com algumas fotos que mostram apenas uma pequena parte do que é esse local. Vale muito a pena conhecer. Para nós, as paisagens do Rincão do Inferno estão entre as mais belas da região e poucos sabem que temos essa maravilha tão perto.