segunda-feira, 21 de julho de 2014

Ruínas do Frigorífico Sispal

Nossa terceira postagem foi inspirada no passeio deste domingo (20/07/2014). Em um belo dia, em que apesar da estação, o sol forte tornou a temperatura agradável e convidativa para estar na rua e conhecer novos lugares.
Este local sempre nos despertou curiosidade, e certamente faz o mesmo com muitos que passam pela Avenida Visconde de Ribeiro Magalhães. Em frente à entrada do Parque do Gaúcho e ao lado do Centro Histórico Santa Teresa - ambos locais muito visitados pelos bajeenses, principalmente para tomar um chimarrão com a família aos domingos – estende-se um longo prédio, com janelas gradeadas por onde pode-se enxergar máquinas e equipamentos abandonados.
Sempre nos perguntamos o que teria sido o local e o que mais teria lá dentro. Na verdade, nem mesmo os moradores de uma pequena casa dentro da propriedade em que se encontra o prédio souberam nos informar. Porém os equipamentos, grande máquinas e restos de matéria prima que ainda se encontram no local nos dão margem para imaginar muita coisa que possa ter se passado entre aquelas paredes.
Após procurarmos algum tipo de entrada para o prédio constatamos que a única forma de adentra-lo seria através de uma propriedade nas margens da avenida. Decidimos ir conversar com os moradores e perguntar se poderíamos tirar algumas fotos. Fomos recepcionados por um homem que descansava em baixo de uma grande árvore. Tentamos obter algumas informações sobre o local. O morador nos informou que o enorme prédio, com seus diversos pavilhões, havia abrigado em seus primórdios um matadouro chamado Frigorífico Sispal e após o fechamento deste, uma fábrica de tapetes.
“Googleamos” as informações que tínhamos e o pouco que conseguimos descobrir é que o local teve sua origem na época das charqueadas em Bagé. Quando o comércio rural estava desenvolvido na região foi inaugurado o Sispal, o primeiro frigorífico a realizar abates, entre 1939 e 1940 (http://claudioantunesboucinha.blogspot.com.br/2010/08/historia-do-desenvolvimento-de-bage-e.html). Não sei especificar até quando o frigorífico ficou em funcionamento.
Logo na entrada, amontoados em um canto há muitas estruturas de ferro retorcidas, possivelmente retiradas do interior da fábrica. No primeiro pavilhão, o que possui as janelas para a rua, nos deparamos com um corredor estreito que abriga uma enorme máquina, a qual imaginávamos serem vários equipamentos independentes. Percebemos então que tratava-se de uma única estrutura com diversas pás, rolos e engrenagens por onde eram passadas grandes quantidades de lã crua. O ferro enferrujado e as engrenagens cobertas de teias de aranhas mostram o abandono do local. Em alguns dos rolos compressores ainda encontram-se restos de lã.
A próxima sala, hoje tomada pela vegetação, já não possui mais telhado e nem as paredes estão inteiras. Nela ficava uma grande caldeira com saída para a enorme chaminé, que também já apresenta os sinais do tempo. Um grande pátio, o qual em seus ávidos anos era totalmente pavimentado, atualmente  não passa de um “ferro-velho”. Centenas peças de ferro empilhadas pelos cantos. Não dá para saber o que podem ter sido, a que equipamento pertenceram ou qual função desenvolveram quando em funcionamento.
O que mais nos intrigou e surpreendeu foi o galpão central. A primeira vista achamos que estava sendo utilizado pelos moradores e não quisemos entrar. Depois, vendo através das janelas notamos vários equipamentos curiosos e decidimos verificar também. Alguns equipamentos da fábrica de tapetes também foram abandonados no local. Máquinas e carretéis das linhas estão ainda conservados, apesar de ficarem a céu aberto. No andar de cima, o que parece ser um estoque de lã. Isso bem mais recente, talvez até trabalho dos moradores atuais.
Bem na entrada existem centenas de cadeiras de ferro coloridas em vermelho e verde, organizadamente empilhadas. Na próxima sala, mais uma infinidade de assentos almofadados coloridos da mesma forma. Mas de onde vieram? A curiosidade sempre nos fez ir em busca de detalhes que possam das pistas da história dos lugares visitados. Á frente, mais equipamentos estranhos para nós. Por sorte, um amigo que nos acompanhava sabia que tais equipamentos eram suportes para projetores cinematográficos. Fomos mais a fundo e encontramos o próprio projetor de cinema, de tecnologia parisiense, e ainda caixas de ferro onde eram guardados os rolos dos filmes e os letreiros enferrujados que um dia serviram para anunciar as atrações de um famoso cinema de Bagé: O antigo Cine Glória.

O mais interessante de tudo isso são as teorias que criamos a cada equipamento estranho, a cada pavilhão adentrado. A imaginação vai longe quando não sabe por onde se está andando ou se tem pouca informação de onde se está. O local ainda é conhecido por poucos, justamente por não possuir indicativos de que está aberto. Mas quem tiver a curiosidade de conhecer um local diferente é uma boa pedida. O acesso fica bem ao lado da entrada do Complexo de Santa Teresa. É cobrado R$ 5,00 por pessoa para ficar o tempo que quiser e desbravar os diversos cantos, cada um com um pouco de história.
Se alguém tiver mais informações sobre o local, e até mesmo críticas ou sugestões para novas postagens deixe seu recado nos comentários abaixo.

O prédio abandonado causa curiosidade aos que passam pela avenida Visconde de Ribeiro Magalhães



Estruturas de ferro retorcidas dão início às paisagens


Um dos vários segmentos da grande máquina, que ocupa toda a lateral do prédio


A chaminé com visíveis sinais de desgaste devido ao tempo

As únicas duas paredes que permanecem em pé na peça, hoje coberta por vegetação, que um dia pode ter sido um escritório

A poucos metros o movimento intenso de pessoas que nem imaginam o que pode ter no interior do curioso prédio

Centenas de cadeiras antigas empilhadas em um depósito cuidadosamente organizado
Uma das máquinas que funcionou na fábrica de tapetes
Carretéis das linhas usadas na fabricação dos tapetes

Peças que podem também ter pertencido ao antigo Cine Glória



Uma roleta de azar e sorte do "Obino Radio Clube"

Suportes para projetores cinematográficos. Em alguns deles etiquetas quase ilegíveis da Sociedade Comercial e Exibidora LTDA - Socex de Porto Alegre endereçados ao Cine Glória
O próprio projetor e uma caixa de rolos de filme, ambos desgastados pela ação do tempo


terça-feira, 1 de julho de 2014

Minas do Camaquã: Morro da Cruz

          E a nossa segunda postagem é sobre um dos lugares com mais atrativos da região: Minas do Camaquã. A cidade que abriga uma mina hoje desativada de propriedade da Companhia Brasileira do Cobre (CBC), se mostra como uma ótima opção de lazer na região. Com diversas opções sobre o que fazer, foi um dos locais mais interessantes que tivemos a felicidade de escolher para conhecer. A cidade é relativamente próxima e leva em torno de uma hora e meia para se chegar até lá. Ao entrarmos na BR 153 e percorrermos uma distancia de 78km em direção a Porto Alegre, chegamos ao entroncamento com a  RS 625, que é a estrada que leva até a cidade. Tal local é bem sinalizado, porém a via não é pavimentada. Depois disso, andamos por aproximadamente 30km pela dita RS 625 até chegar em Minas do Camaquã. Deve-se seguir as placas de sinalização que apontam para as Guaritas para chegar até lá. E essas Guaritas, aliás, são as primeiras atrações da região. Tratam-se de formações rochosas que se destacam na paisagem e nos acompanham a maior parte do caminho. Se tiver tempo, vale parar e explorar alguma com uma caminhada. Algumas delas estão bem ao lado da estrada. Já quase na cidade, ao longe avistamos o Morro da Cruz, objetivo de nossa viagem até lá.
A Cruz, idealizada milionário e antigo dono  da mineração de cobre,  Francisco “Baby” Matarazzo Pignatari (um playboy brasileiro a lá Howard Hughes), era utilizada para sinalizar os pousos de seu avião. Fica numa formação rochosa com mais de 100m de altura, mede 17m  e se tornou simbolo da cidade. Ao longe, parece pequena porém somente estando a seu lado que pode-se perceber a grandiosidade desta. A base da formação é rodeada pelo rio Camaquã, tornando o verão um bom período para visitar a cidade, já que tais águas são deveras convidativas para um banho.
Ao entrar na cidade, á esquerda haverá um posto de gasolina e mais adiante á direita estará a entrada que levas ás minas da CBC. Deve-se seguir adiante e mais a frente descer á esquerda em direção ao rio e ao chegar neste deve-se seguir á direita.Essa estrada que leva até o pé do morro é muito bacana, pois ao passar ao lado do rio, o visual do local é estonteante. Sugiro uma parada próxima a uma pequena ponte que lá existe, pois abaixo dela é possível obter bos fotos. Deve-se andar mais um pouco e finalmente iniciar a caminhada;
A subida até a Cruz exige um pouco de esforço, mas sem dúvida vale a pena. No caminho já é possivel visualizar as paisagens privilegiadas da cidade, de seus campos e as curvas do seu rio, bem como armazéns abandonados e uma barragem vencida pela água.
Já lá no alto, ao lado da cruz e com o vento no rosto molhado pelo suor da subida, é que se recompensa a viagem e o esforço. A paisagem se perde de vista no horizonte, são tantos detalhes que é impossivel prestar atenção em todos. As águas do rio ,  os cactos e seus frutos e ainda passaros rodeando a Cruz. É impossivel não pensar no difícil trabalho que deve-se ter tido em levar o material até lá para construi-la.
Como Havia dito antes a cidade oferece diversas atrações, tanto que haverá um segundo post sobre Minas do Camaquã, onde iremos mostrar as minas São Luiz e Uruguai, de onde a CBC extraia calcopirita e bornita, respectivamente.

Formação rochosa próxima ao Morro da Cruz


As águas no caminho para a Cruz

Movimento das águas embaixo da ponte que leva ao acesso ao Morro da Cruz

Uma das belas paisagens de Minas do camaquã

Vista da cidade do alto do Morro da cruz. Percebe-se a ação humana ante a natureza.

O olhar se perde no horizonte

Frutos dos cactos presentes no alto do Morro. Cuidado com os espinhos também presentes nos frutos!

A Cruz que servia de referência para pousos no passado e tornou-se simbolo da cidade

Entardecer em Minas do Camaquã

As guaritas, paisagem constante na RS 625